quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ela decidiu que queria morrer

Aquele dia chuvoso estava insuportável, tanto quanto os outros. Mirella estava deitada em sua cama, olhando para o teto. Não conseguia dormir, e dormir era tudo que ela queria. Era só o que ela queria. Novamente, deixara de ir à faculdade, faltara no trabalho e não atendera nenhum telefonema. Sua mãe ligou, seu pai, seu chefe, sua colega da faculdade. Não importa. Ele não ligara. Bruno, o culpado por sua dor, simplesmente havia sumido há duas semanas.

Como poderia ser? Três anos de namoro não eram três dias. De repente era como se nada houvesse acontecido para ele. Não parecia que tudo havia acabado. Para ele, parecia que tudo simplesmente nunca havia acontecido. De repente, ele terminou o namoro. Pouco antes, de repente, ele disse que não a amava mais. Pouco antes, de repente, ele não mais a beijava. Pouco antes, de repente, ele começou a ficar distante.

É, pensou ela, talvez tudo não tenha sido tão de repente assim. Mas eles nunca deixaram de ser especiais. Nunca deixaram de ter uma cumplicidade gigantesca. Ela realmente acreditava que ia passar o resto de sua vida com Bruno. Mas de repente (não, não foi de repente, pensou) ele acabara com seus planos, jogara fora todos os sonhos.

A família de Mirella, que morava no interior, estava muito preocupada com ela. A filha não atendia ao telefone, e quando um deles ia visitá-la em seu apartamento perto da faculdade, Mirella não respondia a olhares, não sorria. Faltava-lhe brilho, vida. Ela estava preocupando a todos e tinha consciência disso. Ela queria melhorar para parar de ser preocupação para sua família e seus amigos. Mas como ela não conseguia melhorar, decidiu que queria morrer.

Levantou-se e caminhou até sua escrivaninha. Pegou da gaveta o canivete que usava nas aulas de arte. Pegou uma foto de Bruno e sentou-se no chão. Em uma mão, a foto. Em outra, o canivete. Em uma mão, o motivo da dor. Em outra, a solução. Abriu o canivete.

A porta de seu quarto abriu e com os olhos castanhos arregalados, Vicente, seu melhor amigo, a olhava espantada. Sentou-se no chão ao lado da amiga, e a abraçou com um dos braços. Com a outra mão, gentilmente, tirou o canivete da mão de Mirella e disse:

- Ainda bem que tenho a cópia da sua chave... Agora levanta, vou cuidar de você.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

1 ano após o término

Dizem que 1 ano após um choque muito grande (tanto bom quanto ruim) você volta ao nível de felicidade (seja muita, seja pouca) que estava antes do choque. Ou seja, tanto faz perder alguém ou ganhar na loteria, após 1 ano do ocorrido, você estará do mesmo jeito que estava. E eu, como estou?

Antes do grande choque, do grande término, eu estava perdida. Não sabia como te trazer de volta antes que tudo de acabasse, não sabia se conseguiria deixá-lo partir, caso fosse sua vontade.

Agora, em relação a você, me sinto perdida e injustiçada. E apenas isso. Em relação à vida, eu to cheia de esperança, cheia de planos, cheia de alegrias.

Estou melhor agora. Mas em homenagem ao que um dia fomos, estou ouvindo uma música que me lembra você. Sinto que se eu não lembrar, de vez em quando, será uma injustiça com tudo que vivemos, já que você mesmo não deve lembrar.

Terminar esse namoro me fez muito mal, por isso lembro com tanta alegria. Porque hoje vejo o quanto estou bem.

E a vida segue.

 
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